Estudo: aparelhos auditivos podem ajudar pessoas com perda auditiva a viver mais
23/07/2024
Pesquisa sugere relação entre os dispositivos de amplificação sonora individual e a longevidade; No Brasil, mais de 10 milhões de cidadãos possuem algum grau de perda auditiva O tratamento de perda auditiva, através do uso de aparelhos auditivos, pode ajudar a reduzir em até 25% o risco de uma morte prematura. O estudo, de janeiro deste ano, foi publicado na revista The Lancet Healthy Longevity e reforça a importância dos cuidados com a perda auditiva, um problema de saúde pública que afeta cada vez mais pessoas no mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 2,5 bilhões de pessoas, ou seja, uma em cada quatro pessoas, terão algum grau de perda auditiva até 2050. O alerta se torna ainda maior quando observada a diminuição da idade média: se antes a surdez era considerada um problema que afetava principalmente os idosos, a exposição prolongada ao ruído tem aumentado o número de jovens nesta lista.
O estudo, coordenado pela Dra. Janet Choi, professora assistente de otorrinolaringologia clínica – cirurgia de cabeça e pescoço na Keck School of Medicine da Universidade do Sul da Califórnia e otorrinolaringologista da Keck Medicine da USC, analisou os dados de 10.000 pessoas. Dentre elas, mais de 1.800 foram identificadas como tendo perda auditiva. O estudo acompanhou a sua mortalidade entre os anos de 1999 e 2012.
Apenas cerca de 237 pessoas, com perda auditiva, relataram usar aparelhos auditivos pelo menos uma vez por semana, enquanto outras 1.483 relataram nunca usar aparelhos auditivos. Os resultados apontam que o risco de morte foi menor entre aqueles que usavam o aparelho auditivo regularmente, independentemente de fatores como idade, etnia, renda, escolaridade, histórico médico e grau de perda auditiva.
De acordo com o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 5% da população brasileira é composta por pessoas que possuem algum grau de perda auditiva, o que corresponde a mais de 10 milhões de cidadãos. Porém, o percentual de pessoas que usam regularmente o aparelho auditivo ainda é muito pequeno.
A pesquisa apontou que as pessoas que usaram o aparelho auditivo regularmente viveram por mais tempo
Divulgação
Apesar de poucos estudos na área, já se sabe que a surdez é o principal fator de risco para demência na meia-idade. Além disso, a perda auditiva não tratada pode levar a impactos negativos nas estruturas cerebrais, declínio da atividade física e da função cognitiva, diminuição da longevidade, e efeitos adversos como isolamento social e depressão.
Rodrigo Brayner de Farias (Crefono 4-5193), Mestre em Clínica Fonoaudiológica pela PUC-SP, ressalta que infelizmente muitas pessoas se privam do uso dos aparelhos auditivos por não quererem parecer mais velhas.
“É um grande risco tratar a perda auditiva como algo normal, relacionado à idade e ao envelhecimento. É fundamental uma conscientização acerca da importância de se buscar um tratamento médico ou fonoaudiológico tão logo perceba qualquer diferença na sua audição, entendendo que o aparelho auditivo é um item extremamente útil, que traz impacto positivo para a saúde e qualidade de vida”, concluiu.